. A sigla descreve os maiores subgrupos:
Prática de BDSM
BDSM é um acrônimo para
Bondage e
Disciplina,
Dominação e Submissão,
Sadismo e
Masoquismo.
O BDSM tem o intuito de trazer prazer sexual através da troca erótica de poder, que pode ou não envolver
dor,
submissão,
tortura psicológica,
cócegas e outros meios. Por padrão, a prática é aplicada por um parceiro(a) em outro(a).
Muitas das práticas BDSM são consideradas, num contexto de neutralidade ou não
sexual, não agradáveis, indesejadas, ou desvantajosas. Por exemplo, a
dor, a
prisão, a
submissão e até mesmo as
cócegas
são, geralmente, infligidas nas pessoas contra sua vontade, provocando
essas sensações desagradáveis. Contudo, no contexto BSDM, estas práticas
são levadas a cabo com o consentimento mútuo entre os participantes,
levando-os a desfrutarem em conjunto.
O conceito fundamental sobre o qual o BDSM se apóia é que as práticas
devem ser SSC (Sãs, Seguras e Consensuais). Atividades de BDSM não
envolvem necessariamente a
penetração
mas, de forma geral, o BDSM é uma atividade erótica e as sessões
nem sempre ocorre o sexo a penetração em si. O limite pessoal de cada um não deve
ser ultrapassado, assim, para o fim de parar a sessão/prática, é
utilizada a Safeword, ou
palavra de segurança, que é pré-estabelecida entre as partes.
A sigla BDSM
Na década de 90 pensou-se na sigla acima, como a junção dos termos:
Bondage (amarração, imobilização) & Disciplina, Dominação &
Submissão, Sadismo & Masoquismo. Seria uma expressão mais abrangente
e que permitiria incluir os diversos grupos de praticantes dos fetiches
incluídos na sigla.
Fetiches X BDSM, Diferenças e Similaridades
Fetiche
é simplesmente tudo aquilo que não é parte de um ato específico, mas
que é praticado simultaneamente com ele para uma experiência aprimorada e
mais ao gosto do praticante. BDSM por si só é um grupo de fetiches,
independente de ser considerado um estilo de vida, mas sim ligados a submissão e a dor. Alguns praticantes de BDSM podem
aderir também a fetiches que não fazem parte deste grupo, como por
exemplo o voyerismo, a
Podolatria,
entre outros. Ou praticar somente o que lhes agrada de dentro da sigla
BDSM. No entanto um praticante que adote exclusivamente um ou mais
fetiches não descritos na sigla não é considerado pelos demais
praticantes, um adepto das práticas/estilo de vida BDSM.
Bondage e Disciplina
Dentro dessa categoria temos o(a) bandagista ativo(a), que é aquele
que imobiliza o outro parceiro(a) (com vários estilos de amarrações,
simples ou complexas, de origem oriental (
shibari,
etc.) ou ocidental (termo bondage), com cordas finas ou grossas,
cadarços e outros materiais; imobilizações com fitas isolantes, papel
filme, silver tape, outras fitas colantes; com algemas, prendedores, na
Cruz de Santo André, na roda, em mecanismo medievais de madeira próprios,etc.).
Técnicas de restrição de sentidos (venda nos olhos, uso de capuz fechado e similares) também são consideradas bondage.
Temos também o fetiche da disciplina, aonde um disciplina e outro é
disciplinado. Disciplina é aqui entendido como obrigar ou treinar alguém
a fazer alguma atividade ou a adotar certas condutas ou regras.
Sendo este um fetiche no qual ocorre muitas das vezes uma teimosia
proposital por parte do parceiro(a) que está sendo disciplinado(a), pois
lhe agrada a sensação de ser repreendido, dificilmente ele é praticado
em conjunto com o fetiche da Dominação/Submissão.
Esses dois conceitos de Bondage e Disciplina muitas das vezes se confundem, mas se trata de fetiches fundamentalmente distintos.
E embora o conceito de bondage pareça estar incluído na dominação e
submissão ou sadomasoquismo, há relatos de quem já viu praticantes
exclusivos de bondage, sem conotação de dominação ou de sadismo, apenas
pela arte da imobilização; então, por isso, percebe-se, embora
geralmente inserido num contexto D/s, ser dotado de possível autonomia,
sendo correta a sua menção em separado.
Já a disciplina tipicamente é um fetiche à parte, muitas das vezes
entrelaçado com certas parafilias e outros fetiches (como poney play,
dogplay, furry, etc...).
Dominação e Submissão
É um fetiche caracterizado pelo elemento controle. O dominante
comanda e controla as ações do submisso, que se submete pelo prazer de
servir de forma consensual.
Esta serventia pode ter inúmeros formatos assemelhando-se à
relacionamentos não-consensuais, entre eles o de um relacionamento entre
mestre(a) e escravo(a), mestre(a) e servo(a), dono(a) e posse e até
mesmo o de uma divindade e seu fiel adorador.
Existem várias práticas que podem ser entrelaçadas à dominação e submissão.
Por exemplo, o controle da conduta do(a) submisso(a) através de
relatórios diários, o dogplay, em que o(a) submisso(a) se comporta como
um cão, o foodplay “brincadeiras com comida”, em que se pode, por
exemplo, usar o(a) submisso(a) como um prato, colocando-se comida em
cima dele(a), a dominação psicológica, em que o dominante molda ou tenta
moldar a psicologia do(a) submisso(a), seus gestos, atitudes e até
pensamentos conforme seus gostos e preferências.
Embora essas práticas estejam aparentemente ligadas à dominação e
submissão, isso não é verdade absoluta, pois o que determinará se uma
prática é de dominação e submissão é a intenção dos praticantes com
aquilo. Se há intenção de dominação e controle, então estamos diante de
uma prática num contexto D/s. Caso a prática não siga essa intenção, a
mesma atividade pode não ser considerada uma prática D/s.
Gor, Goreanos
Gor é uma variante do BDSM bem específica, que se baseia numa série de livros (romances filosóficos) do autor estadunidense
John Norman,
as quais narram um mundo imaginário onde todas mulheres são
naturalmente escravas dos homens, os servindo não apenas num contexto
sexual, mas também em toda sociedade. Nesse mundo, isso é tido como
normal, é a natureza das coisas, e por isso elas não se rebelam. Nesse
mundo existem vários tipos de escravas, que são chamadas de kajiras. A
partir da influência e das idéias desse romance se formaram vários tipos
de praticantes de GOR.
Existem os que fazem um RPG virtual de GOR, em comunidades virtuais,
onde tudo não passa da internet, criando-se verdadeiras comunidades
fictícias; enquanto outros fazem dessas teorias e ideais um estilo de
vida e o praticam no mundo real ativamente.
Está claro no GOR o conceito de dominação e submissão através do
controle e da servidão, podendo ser considerado uma variante exótica do
D/s e, com efeito, do BDSM. No Gor praticado no mundo real, no entanto,
nem todas as mulheres são escravas, existem mulheres livres que podem
possuir escravos, denominados Kajirus.
Dominação psicológica
A dominação psicológica inclui qualquer possível ato do(a)
dominador(a) para moldar ou tenta moldar o psicológico do(a)
submisso(a), seus gestos, atitudes e até pensamentos conforme seus
gostos e preferências. Embora ninguém discorde ser é possível dominar
fisicamente uma pessoa, a dominação da mente envolve muitas
controvérsias.
Uma dominação que se restringisse a práticas físicas tende a ser
superficial, no entanto acreditar que alguém se deixará dominar
totalmente de modo psicológico por outra pessoa é, no mínimo, ingênuo.
Só a própria pessoa pode acessar sua mente, e ainda assim não temos
controle total sobre ela. Então, que o dominador consiga moldar gestos e
atitudes e até algumas idéias é possível, mas que ele controle os
pensamentos, dos quais nem o(a) próprio(a) escravo(a) tem controle é uma
utopia.
Sadismo e Masoquismo
Sadismo
é o prazer que se sente em ver o outro sofrer ou gosto em fazer o outro
sofrer; é o prazer em ver o outro sentir dor física ou psicológica.
Masoquismo é o prazer em sentir dor ou o gosto em senti-la, é prazer pela dor ou a dor pela dor, seja física ou psíquica.
Essas condutas podem ser sexuais ou não, embora geralmente o sejam.
Exemplo de práticas sádicas clássicas: spanking (bater na pessoa com a
mão, chicotes, palmatórias, galhos, colheres, metais, etc.), uso de
agulhas (prática hard, consiste em penetrar agulhas na pele da
masoquista, para fazê-la sofrer), privação de comida ou água por um
tempo, para que a masoquista passe fome e sede, cutting (cortes ou
marcas na pele com lâminas frias), branding (cortes ou marcas na pele
com lâminas quentes, em brasa), suturas (“costura” de partes da pele,
como boca, órgãos genitais e outros, impedindo certos movimentos ou
fechando certas aberturas), amarrações em posições que ocasionem dor,
etc. ou qualquer outra prática que vise o sofrimento físico ou mental,
pois, como dito acima, embora existam práticas que geralmente são
associadas a um grupo do BDSM, o que importa realmente é a intenção dos
agentes. Um exemplo: o spanking, prática geralmente relacionada ao SM,
pode ser de D/s, quando o dominador castigar a submissa para que ela o
obedeça. O ponyplay, prática de disciplina e dominação, pode ser também
sádica, caso a submissa odeie pôneis ou se sinta humilhada com a
prática.
A complementação ou a interação entre essas duas vertentes opostas é o sadomasoquismo.
Caso uma pessoa tenha só uma tendência, daí será só sádica ou só
masoquista, mas existem pessoas que são sádicas por vezes, mas também
são masoquistas em outras; tais pessoas são denominadas sadomasoquistas
(o assunto será melhor abordado adiante).
São, Seguro e Consensual
Todos os atos e práticas no BDSM devem seguir o SSC, serem sãs, seguras e consensuais.
Sãs são as práticas que respeitam a razoabilidade mínima e a
normalidade lato sensu, estando os praticantes em perfeito estado mental
de consciência, objetividade e lucidez. Assim, não se deve praticar com
o estado de consciência alterado por substâncias entorpecentes ou
alucinógenas ou que de alguma forma alterem a consciência, muito menos
fazer-se coisas insanas como mutilações ou até a morte.
Prática segura é aquela feita de modo a eliminar os riscos de algo
sair do esperado, resultando, por exemplo, em lesões corporais, traumas
psicológicos ou até mesmo a morte. Assim precauções devem ser tomadas
para que tudo saia bem, como esterelizar equipamentos ou instrumentos
cortantes ou perfurantes ou que de alguma forma lesionem a pele ou
entrem em contato com sangue; cuidar para que a submissa esteja
preparada psicologicamente para práticas de humilhação hard; cuidar ao
amarrar para que não se prejudique a circulação ou se ocasione problemas
circulatórios; cuidar com o manejo de facas e outros instrumentos
cortantes; cuidar para não bater em pontos vitais, dentre muitos outros
cuidados a depender da prática adotada.
Consensual é o item mais objetivo da tríade, significa que todas as
práticas devem ser aceitas tácita ou expressamente. Para tanto existem
as negociações prévias entre os participantes e a palavra de
segurança(safeword, que faz parar ou diminuir o ritmo das práticas).
Negociações prévias são acordos e discussões feitas anteriormente
pelos participantes, visando que cada um realmente confira se deseja
fazer sessão (espaço temporal onde acontecem as práticas, geralmente são
divididas em cenas (conjunto de práticas ou até apenas uma prática em
si, mas que tem um fim específico)) com o outro ou outros e quais
práticas tem como limites e se esses limites são absolutos ou relativos.
Pode ser um acordo oral e informal ou escrito e formal. Alguns
praticantes chegam aos limites do detalhismo, criando check lists,
listas com inúmeras práticas, onde os participantes fazem marcações
(xis) nas que gostam, nas que não gostam muito, nas que tem limitações e
etc.
Limites são práticas que um praticante de BDSM não deseja fazer.
Podem ser absolutos (os quais o participante imagina nunca querer fazer)
ou relativos (os quais o participante gostaria de ou aceita quebrar e
fazer no futuro, mas que no momento presente não são aceitáveis para
ele). Exemplo: às vezes o praticante pode ter uma limitação com a
prática de chuva dourada (
urolofilia – práticas com urina), mas que deseja superar; e ter também uma limitação absoluta com a prática de chuva marrom (
coprofilia – práticas com fezes), a qual nunca deseja superar, tendo extrema repulsa em relação a isso.
Safewords são as palavras de segurança, fixadas arbitrariamente pelos
praticantes, uma para parar a sessão e outra para apenas moderar a
sessão, uma safeword forte e uma safeword fraca. Geralmente são
escolhidas palavras estranhas ou incomuns, para que a escrava possa
manter a fantasia de estar fazendo as práticas contra a sua vontade ou
para não usar a palavra “não” ou para não pedir literalmente ao seu
Senhor que pare a sessão, mantendo-se também uma liturgia (conjunto de
rituais e aspectos formais da relação; a questão será aprofundada
posteriormente). A safeword pode ser também gestual ou simbólica para os
casos em que a escrava não possa se comunicar oralmente (p. ex. no caso
de estar amordaçada). Pode ser também que se prefira convencionar
somente uma safeword, que pare a sessão, ao invés de duas.
RACK (Risk-Aware Consensual Kink)
“Tara consensual consciente do risco”, essa é a tradução literal
dessa expressão criada por um BDSMer (aquele que pratica BDSM)
estadunidense para se contrapor a noção simplória do SSC.
Enquanto o SSC diz seguro, o RACK diz consciente do risco. O que esse
conceito novo quer mostrar é que nada é 100% seguro na vida, mesmo se
estivermos dentro de casa dormindo, algo de ruim nos pode acontecer,
para se morrer basta estar vivo. Até as práticas mais simples apresentam
riscos de danos físicos ou psíquicos. Aí entra a noção de minimização
dos riscos, ou seja, tentar baixar o risco inerente às práticas ao
mínimo possível, através dos cuidados e precauções pertinentes e
estudando previamente e aprofundadamente o que se fará. O risco sempre
estará presente nas práticas, mas podemos minimizá-los bastante. Claro
que existem práticas que apresentam por natureza quase nenhum risco, mas
existem muitas outras que têm risco médio ou elevado. Há uma escala de
riscos, das práticas mais perigosas as menos perigosas.
Enfatiza-se no conceito de RACK que as partes têm de estar cientes de
que existe um risco inerente mínimo e que não se pode eliminá-lo por
completo. Isso também distribui um pouco da responsabilidade, que passa a
não ser exclusiva do TOP (aquele que comanda a sessão; o conceito será
aprofundado mais adiante), mas que também, em menor grau, transmite-se à
bottom (a que é comandada; o conceito será aprofundado mais adiante).
Obviamente que o TOP é que conduzirá a sessão e as cenas, mas a bottom
está ciente de que as práticas com que consentiu apresentam riscos, os
quais podem ser elevados, médios ou baixos, a depender do caso concreto e
dos cuidados que forem adotados.
A noção de consensualidade permanece, pois as práticas serão feitas de modo consensual, conforme a expressão Consensual Kink.
O conceito de sanidade parece estar incluído no de minimização de
riscos, pois ao praticar-se o BDSM com o estado de consciência alterado
por substâncias entorpecentes ou alucinógenas ou que de alguma forma
alterem a consciência ou ao fazerem-se coisas insanas e desmedidas o
risco a saúde física e mental é gigante (não se precisa nem falar de
mutilações e mortes, que por óbvio atacam a integridade física e a
vida). A sanidade também como negação à relação com incapazes se mantém,
pois uma pessoa insana não pode dar um consentimento válido.
PCRM (Prática Consensual com Risco Mínimo)
A expressão RACK é mais exata do que a expressão SSC, entretanto
mesmo assim não é perfeitamente exata, por isso foi proposto um novo
conceito, segundo o qual as práticas do BDSM devem ser Consensuais,
almejando-se sempre o risco mínimo ou a minimização máxima dos riscos;
logo, a expressão correta deve ser Prática Consensual com Risco Mínimo.
Essa nova expressão, a PCRM, além de ser mais exata, também elimina
um termo que, pelo menos no Brasil, é pejorativo, o de “tara”; pois que
não se consideram tarados, muito menos anormais, e sim apenas pessoas
que admitiram a sua natureza e a exercem de modo sadio e dentro da lei,
diferente da hipocrisia dominante que tenta negar seus instintos ou dos
desejos “feijão-com-arroz” das pessoas que se relacionam de forma
convencional, chamadas no meio BDSM de "baunilhas".
TOP, bottom e Switcher
As seguintes classificações independem da orientação sexual, então,
independentemente do gênero das palavras, entenda-se que se aplicam a a
pessoas de qualquer gênero e de qualquer orientação sexual.
Top é aquele que detém o poder da prática em questão, o ativo, aquele
que faz, que promove as práticas. Um Top pode ser sádico, dominador ou
bondagista ativo ou, geralmente, apresentar todas essas características
conjuntamente.
Bottom é aquele que está sob o poder do Top, o passivo, que sofre as
práticas. Um bottom pode ser masoquista ou submisso ou bondagista
passivo ou, geralmente, apresentar todas essas características
conjuntamente.
Switcher (SW) é aquele que por vezes é ativo e por vezes passivo. Um
Switcher é por vezes Top e por vezes bottom; seja com o mesmo parceiro
ou não. Pode ter uma tendência maior para um papel específico ou gostar
igualmente de ambos.
Um exemplo curioso e ilustrativo seria o de um switcher sádico
submisso que se relacionasse com uma switcher masoquista dominadora. Ele
causaria dor nela ao comando e controle dela; ela daria, por exemplo,
ordens para que ele batesse nela do jeito e intensidade que ela
escolhesse. Várias outras combinações são possíveis.
Todos são SW’s?
Embora haja preconceito sobre o tema, na prática se verifica
empiricamente que não existe ninguém que seja 100% alguma posição no
BDSM, todos por vezes tem algumas preferências ou por vezes sentem algum
tipo de desejo contrário a sua posição. Por exemplo, um TOP pode um dia
sentir vontade de sentir dor, então embora ele geralmente seja TOP, por
vezes pode ser bottom. Inúmeros são os casos de submissos que viraram
dominadores e vice-versa em diferentes relações. Então se percebe que
todos são Sw’s, geralmente com maior tendência a alguma posição
específica, embora a maioria tente esconder seu passado ou seu outro
lado menos evidente.
Sexo anal passivo em TOP?
Um tema polêmico dentro do meio BDSM tem sido o preconceito acerca do
dominador querer que pratiquem sexo anal em si, que o penetrem. Com
isso, ou ele seria um homossexual "enrustido no armário", ou um submisso
disfarçado. No entanto, não há nada que impeça que um dominador ordene
que o penetrem, pois a(o) submissa(o) que o fizesse continuaria
obedecendo às ordens de seu parceiro dominador e exercendo o papel de
instrumento de prazer dele, significando assim que ele ainda estaria no
comando.
Espécies e variantes de TOP
Mestre
Mestre é o TOP que não se limita sessões esporádicas, não é um
“Dominador ou Sádico de sessão”, mas segue um estilo de vida BDSM. Um
Mestre conduz o(a) escrava pelos caminhos do BDSM, mostrando-lhe novas
sensações e teorias, quebrando seus limites aos poucos, tem um
comprometimento com ele(a) e com seu desenvolvimento. Um mestre pode ser
sádico, dominador e/ou bondagista, ou todas alternativas, dependendo de
suas preferências.
Para que o(a) escravo(a) tenha um mestre, não poderá ser “avulso(a)”
ou apenas “de sessão”, mas sim ter um comprometimento com aquele mestre.
Um mestre pode ter várias escravas(os), popularmente chamadas(os) de
“irmãos(ãs) de coleira”(ou seja, que serviriam ao mesmo mestre), mas
um(a) escravo(a) não pode ter vários mestres, senão apenas um.
Entretanto, é possível que, não tendo mestre, o(a) escravo(a) tenha
vários dominadores, com os quais pode fazer sessões de vez em quando.
Dono
Dono é o proprietário do(a) escravo(a). Um(a) escravo(a) que não tem
dono é “avulso(a)” ou “livre” ou “libertino(a)”, significa que em cada
sessão pode ficar com um Top diferente. O dono pode emprestar livremente
o(a) seu (sua) escravo(a) para o uso de outros TOP’s, caso isso seja da
preferência dele e não seja um limite dele(a).
Mentor
Um mentor é semelhante a um mestre, com a exceção de que ele não
conduzirá a pessoa mentorada pelos caminhos do BDSM, apenas os indicará
ou facilitará para que ela os ache. Isso significa dizer que o mentor
não faz sessão com a pessoa mentorada, apenas a instrui teoricamente e
também experimentalmente sobre como proceder, podendo até arranjar um
par para ela. O que se deve exigir do mentor é que ele tenha bastante
conhecimento do BDSM. Todo mestre é também mentor de sua escrava(o).
Curiosamente, nada impede que um submisso seja mentor de uma dominadora -
o que conta é que ele seja um bom professor, tendo em mente que não
praticará o BDSM com a dominadora em questão, apenas lhe ensinará sobre
tal.
Pronomes de tratamento
São comuns pronomes de tratamento que evidenciam a condição de TOP ou
de bottom de uma pessoa, embora não entrem na classificação do tópico
anterior e por isso não dê para se saber da preferência do praticante
dentro do BDSM (se é, p. ex., bondagista, sádico ou dominador) só
olhando o pronome usado para se referir ao TOP ou bottom; são apenas
modos respeitosos de se referir ao TOP e modos de mostrar a condição do
bottom.
Assim é comum se chamar o TOP de Senhor, Lord e outros pronomes e as
mulheres que são TOP’s de Rainha, Senhora, Lady e outros pronomes. Os
bottoms homens são chamados de verme, servo, cão, escravo e etc. As
mulheres de escrava, serva, cadela, etc. O praticante de BDSM pode ser
chamado também de BDSMer.
Domme é sinônimo (de origem francesa) de
dominatrix
ou dominadora, não sendo um pronome de tratamento, senão uma
classificação. O mesmo vale para dom (abrev. de dominador), sub (abrev.
de submissa(o)) e masoca ou maso (abrev. de masoquista). O termo deusa é
usado para se referir geralmente à mulher da qual os podólatras
(fetichista por pés) idolatram os pés.
24/7, Consensual não-consensual, TPE
Uma relação-BDSM pode apresentar vários graus de profundidade. Pode
ser apenas virtual no início e depois ir evoluindo e cada vez ficando
mais intensa. Quando uma relação sai do virtual e passa para o real,
geralmente acontecem sessões esporádicas entre o casal e com o tempo,
caso eles desejem isso, a relação pode chegar a ser em tempo integral,
24 horas por dia, 7 dias por semana, daí a expressão 24/7, embora talvez
melhor expressão fosse 24X7. Nessas relações, o vínculo-BDSM é
integral; a despeito de não ocorrerem sessões e práticas o tempo todo, o
domínio persiste, sendo que certos ritos e atitudes podem ser
convencionadas para momentos mais descontraídos, quando não se está em
sessão. Não se está dizendo que a(o) escrava(o) ficará recebendo
chibatadas ou sendo amarrada(o0 o tempo todo, mas sim que o tempo todo
tal pessoa estará à disposição do TOP, que poderá requisitá-la para
alguma prática que o satisfaça a qualquer hora. Parece requisito
essencial do 24/7 que o casal more junto ou ao menos muito próximo, de
modo que o dono(a) possa dar ordens à escrava(o) quando quiser. No 24/7
ainda existem as safewords: a escrava pode se negar a fazer práticas
específicas se isso ferir seus limites.
O próximo estágio em termos de entrega é uma relação “consensual
não-consensual”, na qual a escrava(o) pode até expor seus limites (ou
deixar que o TOP vá descobrindo), mas em que ela não poderá usar uma
safeword para recusar determinadas ordens. O único direito que a
escrava(o) tem é de sair da relação, todavia, enquanto estiver nessa
relação, terá de obedecer qualquer ordem de seu dono. Nesse nível de
intensidade, a escrava(o) tem de escolher bem o dono a quem se
submeterá, porque estará inteiramente a seu dispor, facultado a ela o
direito de desistir da relação como um todo, conforme dito acima. Tal
tipo de relação supracitada se costuma chamar TPE – Total Power Exchange
(Troca Total de Poder): todo poder é conferido ao TOP, que deve saber
usá-lo de modo a adequar suas ações ao São, Seguro e Consensual.
Entretanto, existem variações desse tipo de relação, em que os
participantes resolvem convencionar que nenhum deles ou que somente a
escrava(o) não poderá dizer que quer sair e desistir da relação como um
todo. Esse tipo de relação, que nega o direito de desistência somente da
escrava(o) ou também do dono, é eticamente condenada e na maioria das
vezes ilegal, pois todo ser humano tem o direito de escolher com quem
conviver e se relacionar, sendo um direito inerente a nossa condição de
seres humanos. Logo, ao menos o direito da escrava(o) e/ou do dono de
acabar com a relação deve ser preservado e mantido intocado.
Liturgias e ritos
Liturgias ou ritos são formalidades, procedimentos ritualísticos que
são aplicados, efetuados, durante uma sessão ou playparty (reunião de
amigos ou pessoas de confiança onde se realizam práticas de BDSM; esse
conceito será melhor desenvolvido adiante). Existem os que separam a
noção de liturgia do conceito de ritos.
Liturgia seriam os procedimentos formais exercidos numa playparty, na
relação dos casais entre si e na relação com outros casais e
particulares. Seriam mais normas sociais, coletivas, de convivência
durante a play (abreviação de playparty). Exemplos: seria um regra
litúrgica exigir que as subs da play chamem todos os TOP de Senhor ou
Senhora ou que todas elas usassem a mesma cor de sutiã e calcinha.
Ritos seriam os procedimentos formais instituídos pelo TOP para
sessões entre o casal ou para reger a convivência deles. Seriam regras
íntimas, para o casal — e não para o grupo social. Exemplos: seria um
rito que a submissa tivesse que se ajoelhar sempre no início da sessão e
beijar os pés do dono, esperando as suas ordens; que ela sempre tivesse
que se referir a ele através de uma expressão específica (Senhor, Lord,
“dono de mim”, etc.); que sempre fosse amarrada na mesma posição no
final da sessão; que nunca pudesse olhar diretamente nos olhos do TOP,
sempre os mantendo baixos; que tivesse de ficar em silêncio durante a
sessão, aguardando as ordens do dono, na última posição que ele a
deixou; que sempre falasse baixo com ele; que sempre fosse vendada
durante a sessão; que sempre fizesse determinadas coisas após
determinados comandos, dentre vários outros ritos que vão das
experiências, preferências e criatividade de cada TOP.
Coleira
Uma coleira representa um compromisso, uma relação de propriedade
entre TOP e bottom. Assemelha-se ao conceito de aliança, com a diferença
que somente a escrava(o) usa a coleira, para mostrar a todos a quem
pertence. Uma coleira pode ser física ou virtual, e podem existir
coleiras sociais ou de sessão.
Como se convencionou escrever nicks (apelidos virtuais) de TOP em
caixa alta (maiúscula) e de bottoms em caixa baixa (minúscula), as
coleiras virtuais são geralmente assim escritas: “(nome da escrava)_NOME
DO TOP, por exemplo: “(subana)_DOMADOR CRUEL.”
A coleira de sessão pode ser mais refinada, especialmente produzida
para uso de dominação, ou ser uma comum usada em cachorros. No entanto,
tendo em vista o preconceito social, não seria prudente alguém sair
usando uma coleira de cachorro com o nome do dono, então se criaram
coleiras sociais, que são mais discretas; podem ser apenas colares com
pingentes ou símbolos que remetam a lembrança constante do dono e de que
a escrava que a porta a ele pertence. Não obstante se possa usar uma
coleira em qualquer sessão, mesmo que seja uma sessão esporádica e sem
intenção de manter-se uma relação duradoura — apenas como um fetiche ou
para mostrar quem manda — é comum que os TOP que também sejam donos,
façam cenas ou cerimônias de encoleiramento. Essas cerimônias envolvem
alguns procedimentos especiais, sendo que no final a escrava(o) é
encoleirada(o); nesse aspecto assemelhando-se à troca de alianças de um
casamento típico. Por exemplo, pode-se começar com a escrava de joelhos e
o TOP em sua frente. Ela beija os pés dele e lê solenemente em voz alta
um contrato de relação (onde está escrito que ela se entrega a ele numa
relação BDSM em 24/7, por exemplo), diz que o aceita e depois lê um
poema, então o dono a encoleira. Os rituais de encoleiramento podem ser
privados (só entre o casal), semi-privados (na presença de amigos ou
numa playparty) ou públicos (numa festa ou evento de BDSM, aberto a
todos).
Meio-BDSM - Internet, festas, playpartys, munchs, clubes, confrarias, workshops
O meio-BDSM são os lugares onde ocorrem as relações entre os praticantes, onde encontramos nossos iguais.
Não obstante no Brasil esse meio não seja muito sólido e vasto como é lá fora, há certa coesão em alguns lugares.
A internet exerceu papel preponderante na criação de um meio-BDSM no
Brasil, se é que podemos chamá-lo de “meio”, pois ainda é muito diluído —
mas o fato é que antes da geração internet dos anos 90, e especialmente
do boom da internet de 1998, não havia meio-BDSM nesse país, havia sim
praticantes esparsos que não conseguiam encontrar seus iguais,
diferentemente de países europeus, onde já existiam clubes temáticos há
muito tempo.
Foi a internet que impulsionou o BDSM através de salas de bate-papos,
listas de discussões, sites, mais recentemente blogs, que permitiram um
intercâmbio entre os praticantes, permitindo que os iguais se unissem
através de relações-BDSM ou mesmo apenas de amizade ou de contatos
sociais. Com a internet um dominador do Acre poderia encontrar a sua
submissa em São Paulo, por exemplo.
Por falar em São Paulo, foi lá que se formaram os primeiros clubes de
BDSM do Brasil, sendo que até hoje essa capital é a que — pelo menos
aparentemente, tanto virtualmente quanto presencialmente em festas e
eventos — mais tem praticantes. Todavia, também há clubes e eventos no
Rio de Janeiro.
Contudo, não podemos deixar de mencionar que também há focos de "vida
BDSM" fora dessas duas maiores capitais do país, embora sejam apenas
focos, sendo que o “grosso” do BDSM está mesmo em São Paulo e Rio de
Janeiro, capitais.
Embora não haja clubes fora dessas duas cidades, há festas esparsas
que costumam ocorrer de tempos em tempos em alguns estados do país.
Nessas festas os praticantes podem trocar idéias num convívio social
descontraído e também fazer práticas e realizar fetiches com seus
iguais.
Existem também as playpartys, que são eventos mais fechados e
seletos, onde pessoas que se conhecem ou que têm mais intimidade ou
confiança realizam “meio que” uma “sessão coletiva” ou várias sessões
individuais em seqüência, segundo liturgias próprias.
Playpartys ocorrem em vários lugares do país e de muitas nem ficamos
sabendo, haja vista podem ser secretas e fechadas, entrando-se só a
convite e/ou após aceitação do grupo. Entretanto existem as playpartys
abertas e divulgadas, em que as pessoas podem participar desde que sigam
as regras.
Aí já nota-se a diferença entra uma mera festa e uma playparty, visto
que numa festa não há regras muito rígidas e todos podem participar,
sendo que geralmente muitas pessoas comparecem; está mais relacionada ao
conceito de “balada” baunilha, com a diferença de que são festas com
decoração e algumas regras temáticas do BDSM, onde podem acontecer
cenas.
Já uma playparty assemelha-se mais a um conceito de “roda de amigos”,
onde se realizam apenas cenas; não é uma “balada”, é um “encontro”.
Existem também as confrarias, que são grupos fechados e geralmente
secretos ou pouco divulgados que se organizam em sociedades com intuito
de amizade, de fazer playpartys e de trocarem conhecimentos sobre BDSM e
outros temas. Para entrar numa confraria você geralmente precisa ser
convidado e aceito pelo grupo.
Ademais, há encontros sociais de BDSMers em lugares baunilhas,
chamados de "munchs". Podem acontecer em qualquer região do país e são
ideais para se começar a fomentar um meio-BDSM onde nada há, partindo-se
depois para playpartys, cultivando o terreno para futuras festas e
clubes.
Dentro dos eventos, festas e clubes podem ocorrer também workshops —
aulas onde alguém exímio em algum assunto o explica para os iniciantes
ou intermediários no tema específico. Por exemplo: workshops de técnicas
de bondage, de ponyplay, de torturas com ceras quentes de velas, etc.,
explicando como se deve proceder e quais precauções se deve tomar.
Dress Code (código de vestimenta)
O dress code abrange as vestimentas que identificam preferências dos
participantes de eventos-BDSM e/ou permite a entrada destes na
playparty.
No Brasil é muitas vezes exigido dos participantes dos eventos que
estejam trajados com roupas exclusivamente pretas, ou com algum figurino
fetichista (roupas de
couro,
látex,
vinil) ou mesmo fantasias, eróticas ou não.
Na Europa, além do descrito acima, às vezes existem lugares em que o
participante tem de ir com determinados símbolos (pulseiras, tecidos,
bijuterias) que identificam suas preferências, como ser TOP, bottom, SW,
ser encoleirada ou não, gostar de spanking, bondage, dogplay, etc., ser
heterossexual ou homossexual, etc.
Velha Guarda versus Nova Guarda (BDSM Tradicional, Clássico ou Antigo versus "novo BDSM")
Durante a década de 90 formou-se esse meio-BDSM e a nossa cultura,
ainda que limitadamente, sistematizou. Pessoas mais antigas no meio
costumam reclamar que os costumes e ritos tradicionais, que os
princípios do “verdadeiro” BDSM estão sendo muito transgredidos pela
“nova turma”, de modo semelhante a um conflito entre gerações.
Antigamente, era comum se ver relações de puro BDSM, sem misturá-lo
com condutas ou sentimentos não-BDSM. Cada um, é o que dizem, cumpria o
seu papel dentro do BDSM e pronto. De acordo com essa visão, hoje em dia
se vive uma invasão de "baunilhas apimentados" (fetichistas muito
leves, que apreciam pequenos fetiches para apimentar a relação), de
fetichistas, de pessoas despreparadas sem um mínimo de conhecimento
básico e de baunilhas “paraquedistas”. Houve, como dizem, uma
"baunilhização" do meio.
Hoje é comum vermos, com os avanços da internet e certa popularização
do fetichismo na mídia, a invasão de “paraquedistas”, sem contato com a
filosofia-BDSM, querendo apenas sexo fácil e acreditando que o
conseguirão mais facilmente dentro do meio BDSM do que fora dele,
crendo, por exemplo, que uma mulher submissa ou masoquista aceitará sexo
com qualquer um. Abundam também falsos mestres, que fingem dominar um
conhecimento que não possuem.
Acontece também a invasão de certas pessoas que gostam de
determinados fetiches, mas que não são BDSMers na acepção estrita do
termo. Por exemplo, pseudo-submissas, que gostam determinados fetiches,
como apanhar ou ser amarrada, mas que não têm o desejo de servir um
dominador, ou seja, não fazem tais coisas para agradar o seu Senhor, mas
apenas para realizar as suas fantasias - o que não significa que uma
"verdadeira" submissa deva fazer tudo sem prazer. Na maioria das vezes a
submissa gosta do que realiza, mas o foco é o prazer do dono, então
muitas vezes ela fará também o que não gosta para agradá-lo. Se ela só
aceita fazer o que gosta, visando somente seu próprio prazer, estamos
diante de uma fetichista apenas, não de uma submissa.
Outrossim, com a popularização do BDSM nas mídias, muitas pessoas
despreparadas — que embora sejam BDSMer, não estudam primeiro as
práticas que pretendem fazer, violando a questão da Segurança —
ocasionam acidentes de leves a graves ou até a morte, quando tudo isso
poderia ser evitado se se estudasse antes o que se pretende pôr em
prática. Para tanto existem livros, sites, eventos, workshops, e outras
fontes de pesquisa e informação. Maiores cuidados devem ser empregados
em relação a práticas mais agressivas, como um spanking forte, uso de
agulhas, asfixia, suturas, imobilização severa, etc.: todos os
procedimentos de segurança devem ser estudados antes, minimizando ao
máximo possível os riscos. Com a massificação do BDSM e a desinformação
geral, é necessária muita cautela na escolha de seu par e também são bem
vindas campanhas e veiculação de informações pertinentes, visando à
elevação do nível geral de conhecimento dos praticantes de BDSM.
Outrossim, está comum atualmente uma mescla de BDSM e práticas
não-BDSM. Existem praticantes que se casam com seu par e/ou que misturam
romantismo e BDSM, como, por exemplo, levar a escrava (e namorada) para
um jantar romântico, para uma sessão de cinema, tratá-la com adjetivos
carinhosos, levá-la para uma viagem romântica e outros atos tão comuns
no mundo não-BDSM. Não se julga errada a mistura do BDSM com romantismo
e/ou outras práticas não-BDSM; cada casal sabe de si e do que é melhor
para si. Desde que tudo seja feito de modo consensual, honesto e claro e
com segurança, não há problema. Entretanto, que as terminologias sejam
mantidas, com o fim de rigor terminológico e para facilitar a
comunicação entre as pessoas. Caso queira misturar BDSM e romantismo,
quando se referir a coisas
baunilhas e românticas, que admita NÃO tratar-se de BDSM. Cada termo deve ser empregado corretamente para evitar mal-entendidos.
A visão da sociedade: perspectivas
Tem-se visto recentemente uma abertura em relação ao BDSM na
sociedade, a imagem tem sido mais positiva por causa dos vários
materiais de comunicação que vêm, aos poucos, de forma tímida,
desmistificado o BDSM como perversão sexual; vários filmes, revistas,
livros, artigos e até pesquisas científicas vieram nesse sentido,
expondo a nossa cultura underground para as massas e tornando o meio e
os praticantes mais populares; isso é um processo de abertura que
começou com Sade e Masoch e continua até hoje.
Não obstante, o preconceito ainda é forte e muito demorará para que
se possa falar abertamente sobre o tema com qualquer pessoa ou andar com
uma camisa escrito: “sou sadomasoquista”. Deve-se apenas falar de
nossas preferências para quem está preparado, ou seja, para quem também é
BDSMer ou para quem, mesmo não sendo, é de confiança e tem a mente
aberta, é livre-pensador ou ao menos não é preconceituoso ou
discriminador nesse tema. Na dúvida, o melhor é ficar em silêncio e não
contar nada, visto que não se sabe a reação que as pessoas podem ter em
um assunto como esse, envolto em preconceito, ignorância e
discriminação. Entretanto, as pessoas geralmente não gostam do diferente
e o discriminam, então tomar precauções para que não sejamos
“descobertos” é de bom tom, não revelando nossas preferências
abertamente, no máximo usando algum símbolo característico do BDSM, como
o triskele — que representa as três tríades: o B/D, o D/s e o SM; o
SSC; e o TOP, bottom, switcher; algo que aqui no Brasil ainda é seguro,
porquanto a população pouco sabe e muito menos ainda sobre o símbolo; o
mesmo não vale, p. ex., para os estadunidenses, onde tal símbolo,
segundo dizem, já é conhecido dos baunilhas, ocasionando preconceito o
seu uso.
BDSM e Sexo Seguro
Os praticantes responsáveis e maduros do BDSM primam pela segurança
nos relacionamentos, envolvendo ou não sexo penetrativo, especialmente
quando as práticas envolvam uso de instrumentos que possam ferir a pele
da pessoa submissa. Quando o relacionamento envolvendo sexo se dá de
forma não-exclusiva, com múltiplos parceiros, é absolutamente essencial a
utilização de proteção de barreira do tipo "camisinha", seja ela de
qualquer modelo. Além disso, há procedimentos para limpeza e
esterilização de instrumentos que sejam usados por mais de uma pessoa,
evitando, dessa forma, possibilidade de propagação de doenças, sejam
estas
DSTs ou outras.
Símbolos
Bandeira Leather Pride, um símbolo da subcultura BDSM e Fetichista.
O símbolo oficial da comunidade BDSM é uma derivação do
triskelion.
O Triskelion é a forma básica do emblema, com três "braços" curvados
para fora do centro e fundindo-se com um círculo abrangente. O
Triskelion é uma forma antiga, que teve muitos usos e muitos
significados em muitas culturas.
O símbolo BDSM verdadeira deve atender aos seguintes três critérios:
1) Os aros e os raios são de um metal de cores, indicando neste caso
ouro, ferro e prata. 2) Os aros e os raios são de largura uniforme com
os braços girando em sentido horário. 3) Os campos internos são pretos.
4) Os buracos nos campos são verdadeiramente buracos e não pontos.
Mais informações sobre o símbolo pode ser encontrado em
The Emblem Project
Os itens e estilos de BDSM e fetiche têm sido amplamente difundidos
na vida cotidiana dos sociedades ocidentais por diferentes fatores, tais
como moda de
vanguarda,
heavy metal,
subcultura gótica, e séries de TV de ficção científica,
1
e muitas vezes não são conscientemente conectados com suas raízes BDSM
por muitas pessoas. Embora tenham sido confinados principalmente às
subculturas
Punk e BDSM na década de 1990, desde então têm se disseminado para partes mais amplas das sociedades ocidentais.
A
bandeira do orgulho de couro é um símbolo para a
subcultura de couro e também amplamente utilizado dentro de BDSM. Na Europa continental, o
Anel de O é difundido entre os praticantes de BDSM. O
Triskelion é comum em comunidades de língua inglesa.